MST e Instituto Preservar celebram 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni
Em outubro de 1985, 7.500 trabalhadoras e trabalhadores rurais ocuparam a Fazenda Annoni, no norte do Rio Grande do Sul. A ação, planejada ao longo de dois anos, se tornou a maior e mais bem organizada ocupação de terras da história do Brasil — um marco que consolidou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e inaugurou uma nova etapa da luta pela Reforma Agrária Popular.
Quarenta anos depois, a Annoni continua sendo um território símbolo da resistência, da produção e da solidariedade. Sua história inspira novas gerações de lutadores e lutadoras do campo e reafirma o compromisso com uma agricultura baseada na justiça social, na agroecologia e na soberania alimentar.
Celebração dos 40 anos
Pontão acolheu o reencontro da luta com suas raízes
Nos dias 24 e 25 de outubro de 2025, o Assentamento 16 de Março, em Pontão (RS), recebeu cerca de 2 mil pessoas — assentadas, pioneiras, jovens, lideranças e apoiadores do Brasil e de países como Cuba, Venezuela, Haiti, Zâmbia e Palestina.
Foi uma verdadeira celebração da memória e da força coletiva que constrói a Reforma Agrária Popular.
Entre os principais momentos:
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Feira Estadual da Reforma Agrária Popular – MST 40 Anos
Reuniu 58 bancas com cooperativas e experiências agroecológicas de todas as regiões do Estado, mostrando a diversidade e a potência da produção camponesa. -
Conferência Estadual da Reforma Agrária Popular: Memória, Luta e Desafios Atuais: Reuniu militantes históricos e lideranças como João Pedro Stédile e a professora Alessandra Gasparotto, refletindo sobre os rumos da luta pela terra e pela agroecologia.
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Ato Político em Defesa da Reforma Agrária: encerrando as comemorações, o ato reafirmou o compromisso com o direito à terra, com a soberania alimentar e com a solidariedade internacional.
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Jornada Socialista Roseli Nunes e Noite Cultural: Música, poesia e memória popular marcaram o encontro entre gerações do movimento.
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Cerimônia de nomeação da Rodovia Caminhos da Reforma Agrária: Um gesto simbólico de reconhecimento da história coletiva que transformou o território e o município de Pontão, criado a partir dos assentamentos da Annoni.
Agroecologia e soberania alimentar: conquistas que germinam
Os 40 anos da Annoni são também a celebração de um projeto em movimento: o da agroecologia como caminho de emancipação.
Hoje, o MST e seus assentamentos reúnem 185 cooperativas, 1.900 associações e 120 agroindústrias, que produzem alimentos saudáveis e abastecem cozinhas solidárias em todo o país.
O Instituto Preservar, parceiro histórico do MST, tem contribuído com assessoria técnica, formação política e projetos de transição agroecológica, fortalecendo a produção camponesa e as redes de cooperação popular.
Espaços como o Centro de Pesquisas em Agroecologia Valmir Mota de Oliveira e o Instituto Educar são exemplos de como a luta pela terra se transformou em luta por conhecimento, sustentabilidade e soberania alimentar.
Políticas públicas e o futuro da Reforma Agrária
Durante o evento, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) anunciou a liberação de R$ 2,2 bilhões em crédito para 100 mil famílias assentadas em todo o país e R$ 100 milhões em novos investimentos no Rio Grande do Sul para aquisição de terras.
Essas medidas simbolizam a retomada de políticas públicas que garantem o direito de produzir e viver no campo com dignidade.
Organização e parcerias
O evento dos 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni foi uma realização do MST e do Instituto Preservar, com o apoio da Fundação Banco do Brasil, do Governo Federal, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Conab e da Crehnor.